Com o impasse da escolha do meio de transporte que deve atender ao eixo entre São Paulo e o ABC Paulista, um consultar de mobilidade defendeu a escolha de um BRT – Bus Rapid Transit. As informações são do site Diário do Transporte.
O urbanista e consultor de trânsito e transportes, Flaminio Fichmann, durante encontro do Consórcio Intermunicipal ABC, disse que a escolha do corredor de ônibus poderia atender a demanda projetada para o monotrilho, meio de transporte que havia sido anunciado para a Linha 18-Bronze.
“O BRT consegue efetivamente ter uma solução tecnológica, com eficiência que permite uma velocidade e um desempenho muito maior que qualquer corredor. A capacidade, a gente tem registrado em Bogotá 50 mil passageiros-hora por sentido. Só como registro, este é o recorde que a gente tem no mundo, para atender a uma faixa de 20 mil a 30 mil passageiros por hora por sentido, na carga num local concentrado, a gente tem inúmeros exemplos no mundo. O Metrô aqui, só para a gente ter uma ideia, a linha 1 (Azul – Santana/Tucuruvi) e a linha 3 (Vermelha – Barra Funda/Itaquera), que são as mais carregadas, têm uma carga de quase 50 mil passageiros-hora-sentido. Então a gente está falando num sistema que é muito flexível, que a gente tem condições de atender. Temos exemplos no mundo de BRTs que atendem a uma demanda maior [que da linha 18]. O que a gente não tem no mundo é monotrilho atendendo a esta demanda” – disse Fichmann.
A troca do modal de transporte, no entanto, é criticada por outros especialistas, e por setores da imprensa local. Existe o temor em que sistemas de ônibus não supririam a demanda esperada pelo monotrilho.
O vereador de Santo André e presidente da frente parlamentar da linha 18, Fábio Lopes, por sua vez, afirma que não existe sistema pleno de BRT na região.
“Na realidade, nós imaginávamos um BRT com capacidade de transporte menor e hoje nos foi apresentado que o BRT possui a capacidade de operar com volumes maiores de pessoas, desde que seja um BRT moderno, não o que a gente tem hoje de modelos ultrapassados. Já existem novas tecnologias, por isso que precisamos agora verificar a possibilidade.” – disse o vereador.
O Governo do Estado deve decidir até o final do mês qual tecnologia utilizará, mas já sinaliza uma incompatibilidade com o monotrilho por conta de custos. O Vice-governador, Rodrigo Garcia, diz ser “impossível” seguir com contrato da linha 18 na configuração atual.
Precisa ser consultor para falar tanta besteira? Certeza de que esse cara é especialista mesmo na área?
Primeiro que as linhas 1-Azul e 3-Vermelha são as que transportam mais passageiros por dia, não exatamente as mais carregadas. A Linha 1 (que hoje carrega até cerca de 40 mil passageiros/hora/sentido) já deixou de estar na vice-liderança de linha mais carregada, até porque já foi ultrapassada em carregamento, neste ano, pela 2-Verde. A Linha 3 sim continua sendo a mais carregada, pelo menos por enquanto, porém ela carrega mais de 50 mil pass/hora/sentido (diferentemente do que esse “especialista” disse). Seu carregamento máximo atual está em torno de 56 mil pass/hora/sentido.
Sobre monotrilho que não tem essa capacidade: bom, a Linha 15-Prata mandou lembranças! Mesmo que 40 mil me pareça um carregamento bem elevado para ela, certamente de até 30 mil por hora/sentido ela daria conta muito bem sim (com todos os trens do monotrilho bem lotados, mas conseguiria sim). E há monotrilhos na Ásia carregando mais do que BRT.
Outra coisa também (não menos importante) é que eu acho (mas neste caso não tenho conhecimento suficiente para dizer) que carregamento de 50 mil/hora/sentido para o BRT de Bogotá me parece um pouco de (ou talvez muito) exagero! Mesmo sendo menos (ou bem menos), ainda assim, o que se sabe é que o sistema lá opera acima de sua capacidade e está bem saturado.
Enfim, seria interessante investigar se é só desinformação desse “consultor” e/ou se tem interesses por trás dele também!
Ao trocar transporte por trilhos pelo modal ônibus, SP mostra o nosso atraso em modernidade de transporte público. Lamentável.