Quando se pensa em uma ligação ferroviária entre São Paulo e Santos, logo se vem a cabeça a ligação sobre trilhos de Paranapiacaba, mas uma outra ferrovia ligou as duas regiões por meio do transporte de passageiros.
Os trilhos onde hoje servem de atendimento aos trens da Linha 9-Esmeralda da CPTM já foram caminhos para uma composição que partia da estação Julio Prestes em direção a cidades do litoral sul de São Paulo, inclusive com atendimentos até Itanhaém, de acordo uma publicação do site Estações Ferroviárias:
O ramal sul
O ramal foi projetado pela Sorocabana, para encurtar a distância entre o centro de São Paulo e Santos, tendo sido construído entre 1952 e 1957, interligado ao ramal Mairinque-Santos. Originalmente, os trens que atendiam a Linha Sul saíam da Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo, e iam até o extremo sul na Estação Evangelista de Souza, no entroncamento com a Mairinque-Santos. O ramal continha diversas paradas intermediárias, muitas desativadas ao longo dos anos 1970.
A linha Júlio Prestes – Santos
Um trem de passageiros operado pela Sorocabana, a partir de 5 de outubro de 1957, data em que foi inaugurada a linha com tráfego entre São Paulo (Júlio Prestes) e Santos (estação Ana Costa) pelo governador Jânio Quadros, e com três horários diários com a composição diesel Ouro Branco. Mais tarde, em 1971 passou a ser operada pela Fepasa, até 1976, quando o trem foi extinto.
Nos anos 1960, a composição chegou a ser puxada por locomotivas elétricas durante todo o percurso. Nas outras épocas, a diesel.
Linha entre São Paulo e Itanhaém e Peruíbe
Em um recorte de jornal feito na década de 50 mostra testes de uma linha experimental entre a capital paulista e Itanhaém, no litoral Sul de São Paulo. O trajeto era feito em três horas e a composição poderia levar até 200 passageiros.
Desativação
O atendimento de passageiros para o litoral foi encerrado em 1976, e apenas o atendimento de subúrbio seguiu. O ramal sul entrou em obras de remodelação a partir de 1974, e os serviços de subúrbio da linha foram interrompidos em 1979, sendo retomados em 4 de abril de 1981, com a reforma de algumas das estações da linha.
Atualmente o ramal sul abriga o atendimento da CPTM entre Osasco e Grajaú, e com obras até Varginha. A diante apesar de existir um leito ferroviário, não há trilhos e a presença dos trens cargueiros é vista somente na estação Evangelista de Souza, no ramal Mairinque-Santos.
Descaso com o transporte, triste.
Curioso não utilizarem esse trajeto como opção para o trens intercidades, visto que a estação Júlio prestes é subutilizada. O trecho de serra desta ferrovia possui duas vias por livre aderência, faltaria reconstruir o trecho entre Varginha e Evangelista de Souza.
Na baixada poderiam interligar com o Vlt em samarita ou o trem utilizar as vias cargueiras contornando São Vicente e Cubatão chegando até a área portuária em Santos.
Nas obras do rodoanel sul foi construída uma ponte no trecho onde localiza se o antigo leito ferroviário, quem sabe um dia…
muito mais viavel utilizar esse trecho do que fazer um tunel para vencer a serra do mar.
A sua ideia é interessante, Leonardo, mas esbarra em algumas questões como as seguintes:
– Infelizmente a área sobre a qual existia o leito da ferrovia hoje está ocupada parcialmente por moradias irregulares, o que exigiria um trabalho maior para as obras (mas não que seja impossível);
– A via férrea em questão se conecta com o corredor de exportação, também conhecido como ferrovia Mairinque-Santos, que é o principal caminho de acesso ao Porto de Santos, ante a inexistência das restrições que são vistas no trecho da Cremalheira, em Paranapiacaba. Por lá há o escoamento de boa parte dos grãos que decorrem de colheitas no interior de São Paulo, além de Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. A taxa de utilização da via é elevadíssima (cerca de 97%), sendo a ociosidade para o percentual restante. Além disso, há uma tendência de aumento da demanda pelo fato da conclusão da obras de conexão da Malha Paulista com a Ferrovia Norte-Sul, a qual vai abrir ainda mais portas para o escoamento de cargas por Santos.
Mas sua ideia não é ruim. Eu apenas adaptaria ela pensando em utilização de boa parte do trecho hoje desativado e a partir de um determinado ponto fazer com que a via férrea seguisse por outro caminho, este sim construído segregado. Tudo bem que a via férrea necessitaria de modificações no trecho da Marginal Pinheiros, com a adição de mais uma via, mas se pensarmos bem, ela permitia um acesso ainda melhor a centros comerciais, seja por quem mora no litoral de SP e trabalha na região de Pinheiros e Brooklin, seja até mesmo de quem quer acessar o litoral de forma muito mais rápida.
Creio que seria uma opção mais interessante do que o trem intercidades vindo pelo ABC, em que pese o custo da obra provavelmente ser menor com a adoção dessa ideia, ante a existência de uma terceira via em quase toda a sua extensão.
Apenas retificando uma informação: os dados que eu disse de utilização do trecho entre Mairinque e Santos não são de tal ferrovia e sim da Cremalheira, em Paranapiacaba. Não localizei os dados do trecho mencionado, mas com certeza eles são próximos a esses, com composições muito mais longas do que as vistas em Paranapiacaba, o que é confirmado pelo fato que a ALL (atual Rumo) duplicou o trecho para aumentar sua capacidade.