O dia em que um trem de passageiro em São Paulo correu a 164 km/h

Foto: Daniel Torres

No último dia 16 de Maio completou 31 anos em que uma importante operadora de trens paulistas estabeleceu um recorde de velocidade aqui no estado de São Paulo.

Durante o governo Quércia, entre os anos de 1987 e 1991, houve uma tentativa revitalizar o transporte de passageiros sobre trilhos em longa distância, o que incluiu a reforma de diversos trens e implantação de novos horários de trens de passageiros. Houve investimentos na via férrea e sistemas.

E uma das intenções era estabelecer um novo recorde de velocidade ferroviário brasileiro. A FEPASA – Ferrovia Paulista S/A e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – I.P.T. firmaram um acordo no primeiro semestre de 1989 com o objetivo de desenvolver projetos tecnológicos na área ferroviária, incluindo a operação de Trens Rápidos para passageiros utilizando linhas e material rodante já existentes.

Para o experimento foi usado um trem composto de três carros inoxidáveis Budd originalmente fornecidos para a E.F. Araraquara em 1963, mais o carro-laboratório do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – I.P.T., fabricado pela Budd em 1951. Essa composição foi tracionada pela locomotiva elétrica V8 fabricada em 1947.

Os testes foram em um trecho de 12 quilômetros entre Itirapina e Graúna, que, além de ter sido retificado e melhorado entre o final da década de 1960 e o início de 1970, recebeu preparação especial para essa experiência.

Os resultados foram o seguinte: o comboio atingido a velocidade máxima de 164 km/h no dia 16 de maio de 1989, que até hoje permanece o recorde ferroviário brasileiro de velocidade.

Mas, segundo registros, os trabalhos acabaram resultando no rompimento dos pantógrafos da locomotiva e queda da tensão elétrica do sistema devido à sobrecarga de energia.

A implantação do Trem Rápido era um projeto da FEPASA em resgatar a credibilidade da ferrovia e operar os trens de passageiros de forma mais competitiva com os demais meios de transporte.

Mas a ideia acabou não prosperando, e quando em 1996 a M.R.S. Logística assumiu as linhas da antiga E.F. Santos a Jundiaí, e decidiu por não mais usar locomotivas elétrica nas composições cargueiras, o que ajudou a enterrar o projeto de trem rápido.

Foto: Daniel Torres
Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.