Por que há pontos de ônibus diferentes na periferia?

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Em 2012, em seu último ano de mandato como prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab firmava contrato, em nome do município, com o consórcio Pra-SP. No documento o consórcio vencedor de licitação pública, composto pelas empresas Odebrecht TransPort, Rádio e TV Bandeirantes, Kalítera Engenharia e APMR Investimentos, se comprometia a realizar a instalação dos 6500 novos abrigos de ônibus e 14000 totens de paradas da cidade, além da manutenção dos mesmos pelos próximos 25 anos. Para tanto, foi criada a empresa Ótima, que ganhava, como contrapartida, o direito de explorar publicidade em cada um dos novos abrigos durante os mesmos 25 anos.

A expectativa acerca dos novos abrigos logo foi difundida pela mídia (relembre aqui). Os pontos seguiriam quatro diferentes modelos, cada um pensado de acordo com a paisagem da região onde seria instalado, conforme imagem de divulgação abaixo.

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Hoje vemos pela cidade modelos que não seguem de forma fiel as especificações à época apresentadas, não contendo telas sensíveis ao toque, como foi prometido (veja), mas que são bem próximos em questão de design.

A exceção, novamente, passa a ser a periferia, que ganha abrigos de concreto e plástico, bastante diferentes dos modelos apresentados pela empresa, sem as cores requintadas ou os celebrados desenhos encontrados nos abrigos instalados nas regiões centrais e mais elitizadas de São Paulo. O modelo periferia é algo entre o modelo Brutalista, apresentado como um modelo a ser instalado em vias de maior fluxo como as marginais, e o Brutalista Leve (veja mais detalhes) que surgiu como ponto de instalação rápida para locais onde os antigos abrigos apresentavam riscos de segurança ao usuário.

Ponto de ônibus instalado no Capão Redondo, extremo sul da cidade de São Paulo
Ponto de ônibus instalado no Capão Redondo, extremo sul da cidade de São Paulo

A pergunta que fica é “Por que?”. Há quem diga que a causa é a maior possibilidade dos pontos serem vandalizados na periferia, argumento que é facilmente rebatido observando a situação de abrigos instalados, por exemplo, na região da Avenida Paulista, centro financeiro da cidade, ou do Ibirapuera, onde se encontra pichação, vidros e assentos quebrados.

Tendo como descartado ou pouco lógico este primeiro argumento, por que a periferia não está sendo contemplada com abrigos com a mesma qualidade e conforto que os que estão sendo instalados nas regiões mais elitizadas da cidade? Fica aberta a pergunta às empresas controladoras da Ótima, o já citado consórcio Pra-SP, e à prefeitura, que é quem deve fiscalizar e cobrar o cumprimento dos serviços conforme licitados.

Até o fechamento desta matéria, a empresa não se pronunciou sobre o fato.